SUZIE VON; MEU PODCAST QUE NÃO EXISTE; INTRUMENTALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA NO DOS OUTROS É REFRESCO; PIADAS DE VELHO; TALMON; ADEUS ÀS BUNDAS E POR AÍ VAI
Ainda haverá tempo para falar de Moet Xandão, do senso de humor de militares israelenses, do pendor totalitário dessa súcia de bundas-moles e de encontros e desencontros no transporte público
O Capitão está de volta, e quem sabe não os abandone tão cedo e de novo. Notebook novo - para mim, ao menos -, casa nova, ex-mulher nova, trabalho novo, nova frustração empregatícia, uma barbaridade atrás da outra. Definitivamente, tenho emprestado qualquer coisa do meu azar àqueles que compartilham, mesmo que sem culpa, de pretensões comuns a mim. Por exemplo: Suzane von Richthofen.
Eu e Suzie temos muita coisa em comum. A primeira é que morro de tesão nela, e ela também, está claro, morre - e até mata - de tesão por si. A segunda é que ambos pleiteamos uma vaga no Tribunal de Justiça de São Paulo, como escreventes. Prestamos a prova no mesmo dia (o que, se já não entra no terreno das coincidências - como direi? - predestinatórias, porque assim o exige a Lei, ao menos nos submete às mesmas e terríveis emoções, durante os mesmíssimos minutos). E tem mais: ficamos ambos decepcionados e com cara de tacho, inclusive ao mesmo tempo. Uma fiscal cretina recolheu a prova de determinada sala com uma hora de antecedência, e todos que prestaram o concurso na Capital do Estado serão obrigados a se submeter a novo teste.
Coincidência?
Acho que não, Suzie. Aliás, gata, tenho certeza de que, se fosse na sua sala, essa presepeira não teria tido coragem. Ou foi, e ela, tomada de preconceito - para não dizer paúra pura e simples -, enfiou os pés pelas mãos? Cobarde.
Se há duas pessoas que cometeram homicídio e pelas quais nutro se não simpatia, ao menos compassividade, são elas Elisa Picadinho e Suzie Fon-Fon Ritchie. Aquele japonês teve o que merecia, era um porco desgraçado. À sabedoria ancestral: homem que procura serviços profissionais, preferencialmente, quando deseja se satisfazer, é batata: não gosta de mulher, gosta de outra coisa para a qual lhes faltam as bolas consecutórias. E nunca, nunca mesmo, conheci sequer uma puta que não fosse gente boa. Se o sujeito trata puta mal, não é possível que preste. Que ele a tire da zona para, depois, deixar de tratá-la como nada menos do que uma princesa, ora caramba: trata-se de um pedaço de merda. A única coisa que lamento no episódio é que ela foi apanhada.
Quanto a minha diva ruiva e com cara de cavalo (duas notas que sempre me agradaram): quanto mais a gente se familiariza com a atmosfera familiar que se descreve, segundo os dados disponíveis, mais a gente acha que foram cravadas (ahá) poucas pauladas. Apenas o que me incomoda é: se Suzie era tão sagaz quanto se ventilou ao longo dos anos, por que diabos não simulou ao menos o arrombamento da própria casa? E como escolheu tal par de cretinos tão completos para levar adiante o projeto de justiçamento? O mais velho saiu torrando dinheiro, ostentando e se descuidando quanto à recompensa. A burrice não compensa, coisa fofa.
O que me resta, benhê? Desejar-lhe boa sorte em 24 de novembro. Quem sabe você não dá sorte e, desta vez, arruma um criminoso engenhoso pra se amarrar.
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Outra pessoa que pegou carona no meu azar foi a escritora Nina Galdina. Não a conhecia pessoalmente e nem nos falávamos, virtualmente , há coisa um ano e meio. Houve - como explicar? - uma desinteligência e ela havia me bloqueado. Mas me desculpei e fui prontamente devolvido ao Olimpo (ou quase, ela demorou pra encontrar o recurso de desbloqueio, nunca tinha usado, vejam que coisa curiosa. E ainda teve que girar umas 50 páginas até me achar naquele mundaréu de gente que desinteligiu ali). Isso tudo no ônibus. Pois foi passar por esse encontro fugaz que a moça perdeu o emprego, penso até que no mesmo dia. Não sei se já conseguiu outro, mas além da boa sorte que desejo a ela desejo, ainda, que vocês tenham a sorte - também vocês - e o bom senso de subscrever a excelente newsletter que ela produz. É biscoito fino e vale cada um dos míseros centavos que cobra.
Aqui:
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Amigo meu, historiador casado com arqueóloga, formação sólida, excelente texto, tradutor superior, lamenta-se, ao acompanhar exposição de determinado teólogo novidadeiro, que este que vos escreve não possua algo como um pod cast ou coisa que o valha. Também lamento. Vamos fazer assim: caso eu chegue, sem interrupções, à edição 50 desta joça, comprometo-me a publicar, na forma de pod cast, uma pequena série introdutória ao sentimento religioso. Era como que um curso que nunca saiu do papel mas que, como diria o outro, moléstia à parte saiu-me melhor que a encomenda enquanto esteve nele - no papel.
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A galerinha ousada do progressismo sagaz está colocando as manguinhas de fora, e muito a propósito da questão palestina artisticamente arranjada com a cadeirada que Marçal levou naquela horrorosa fuça dele. O pessoal está descolando da realidade com velocidade somente inferior, em termos de nível, à feiura da cara de pau com que se a aumenta. Se não, vejamos.
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Interrompi por uma semana a redação desta edição, retomei e, além de detestar a coisa, não lembro onde comecei e por onde queria ir quando parei.
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A citação à profissão da esposa do meu amigo historiador se justifica pela grande admiração que nutro por ambos, e se de fato não contribui para o esclarecimento de minhas motivações, tanto melhor. Assim todos poderão se lembrar que sou confuso pra danar.
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Ultimamente, tenho notado, na banda progressista das minhas relações, pendores cada vez mais desabridos em favor da violência como meio de conquistas políticas. Com frequência, o exemplo das maravilhosas conquistas do regime chinês é utilizado para ilustrar o futuro ainda mais maravilhoso que estaria reservado ao Brasil, caso optássemos por liquidar algo como um terço da população. Não sei se nossos revolucionários se tocam, mas esse é precisamente o método que eles acusam seus rivais políticos de terem praticado algum dia, ou de praticarem, exclusivamente eles, os rivais, agora. Agorinha mesmo.
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O regime chinês, como não pode ser acusado de democrático, fica justificado pelo bem estar social presumido. Como se houvesse mais bem estar social lá do que - para não causar perfurações ulcerosas nos delicados estômagos das melhores pessoas do mundo - no Brasil, sobretudo no Brasil depois de 14 anos da direção sapiencial dos governos petistas. Sim, do que no Brasil de 2016, que seja. Acho que somos obrigados a dar de batido que o padrão de vida brasileiro era espetacular, e que por isso os ricos malvados decidiram apear Dilma do poder. Sim, porque como os banqueiros e empreiteiros tiveram seus patrimônios aumentados exponencialmente à época, está claro que o incômodo deles se deveu única e tão somente à presença de empregadas em aeroporto (mas como passageiras, não profissionais). Se fosse apenas a cozinheira de FHC ir à Europa, eles deixariam barato. Mas aquela vaca era fascista, e serviçais fascistas o pessoal da JBS e Odebrecht tolera (na classe comercial), ao passo que a criadagem com pensamento crítico, nossa, eles detestam. Os ricos brasileiros são assim.
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Vai se chamar “Pod Casto?”, que é pra somar-se ao universo dos trocadilhos com Pod e ainda permanecer no nonsense sacana.
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Por exemplo, a proposta de se explorar os poderes redentores da violência, nesses termos, é um apelo ao genocídio puro e simples. Igualzinho, sei lá, ao genocídio cometido pelos turcos contra a população armênia da Turquia. Por outro lado, é muito diferente dos alegados genocídios contra - deixem-me ver - os jovens negros da periferia de São Paulo, por parte da PM paulista (majoritariamente formada por jovens negros da periferia, aliás). Não fosse assim, mera alegação com fins retóricos, e a população de negros da periferia de São Paulo não teria - a exemplo, de novo e outra vez, da palestina em Israel - crescido pacas nos últimos (para continuar no padrão definido pelo lapso temporal desde a refundação de Israel, agora como Estado moderno) 76 anos. Os curiosos casos de genocídio em que as vítimas se reproduzem como coelhos, ao invés de irem sumindo - nem que seja aos pouquinhos.
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Os ricos chineses são muito melhores, eles gostam da Dilma e já eliminaram os pobres de direita deles. A cozinheira de FHC é persona non grata na China.
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Para que o leitor tenha uma ideia da absurdidade desse tipo de leniência vocabular, a população judaica da Europa jamais voltou aos níveis anteriores ao Holocausto.
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Não é possível ou razoável meter o bedelho nos assuntos dos outros, quando os outros estão em contenda, segundo parâmetros que, uma vez estipulados e outra utilizados, impliquem a eliminação de um deles. Se qualquer das partes lança sua proposta sob essa fórmula, de imediato somos tomados pelo sentimento de espanto. Imagine você ali tentando mediar determinado conflito, sei lá, entre duas crianças durante o recreio. No pátio. Se uma delas afirma que a confusão só terminará quando o coleguinha for degolado e todo o sangue dele bebido ainda quente, creio que a primeira reação do amigo seria dar umas palmadas no bumbum do pestinha ou, no mínimo, colocá-lo de castigo, olhando pra parede. Mutatis mutandis, se dois coleguinhas médio orientais estão se engalfinhando e o menorzinho insiste na liquidação definitiva do valentão da turma, por mais que a ideia pareça simpática à maior parte da audiência (ninguém gosta de valentões e quase todos somos vítimas deles), está claro que nenhuma solução passa por mandar o valentão ficar quieto enquanto armamos o menorzinho a fim de que este dê cabo daquele. O valentão pode ser folgado, mas não é trouxa, e não verá sentido em aceitar conselhos de bundas moles para que ele se deixe assassinar, tanto mais quanto os bundas moles sejam proverbiais na incapacidade de limpar as próprias bundas moles, sobretudo quando o assunto é gestão de violência.
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O Capitão vem pra somar.
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Israel ocupa territórios de forma ilegítima, ilegal e mesmo imoral. Mas a devolução, necessária e desejável, de tais territórios ocupados, não seria suficiente para que cessassem as ações que objetivam a exterminação de Israel - isso já está provado e é até meta declarada dos inimigos de Israel. Se, tal qual o que ocorria no joguinho de War em minhas infância e casa (sobretudo se envolvendo meu irmão do meio, o comunista proletário - o outro é cheiroso -, porque ele rouba em jogos de tabuleiro, ao ar livre, em quadra, online; em jogos, enfim: ele não é o homo ludens, é o homo ludens et fraudantes), a gente for lá e, aproveitando uma ida do aiatolazinho ao banheiro (pra fazer xixizinho), virar o cartãozinho de Objetivo dos exércitos Verdes, do Irã, vai aparecer algo como “matar os coleguinhas judeus e riscar Israel do mapa”. Por outro lado, se Israel estivesse mesmo determinado a eliminar a população palestina, já teria levado a cabo a ideia há muito tempo. Tudo isso sempre foi de amplo conhecimento de todos os palpiteiros com os quais lidamos, incluído aí o autor destas linhas aqui. Acontece que só recentemente nossos amiguinhos melhores pessoas do que as outras se sentiram suficientemente à vontade para afirmar que o são porque querem que Israel acabe, custe o que custar - o que não é genocídio: afinal de contas, eles estão certos e quem não concorda com eles está errado. Se fosse genocídio, seria o contrário. Por quê? Ora, cale-se, seu maldito diver-sionista (um diversionista que mergulhou nas águas profundas do sionismo).
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Não vai acontecer. O Valentão não é trouxa e ainda pode chamar o irmão mais velho.
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O cartãozinho de Objetivo do Primeiro Ministro da democraciazinha israelense, dos exércitos Brancos, se aproveitássemos uma escapadela dele destinada a - como direi? - encher a laje, para virar-lhe e descobrir-lhe o segredo, leríamos algo como “Ocupar os territórios que lhe vier à veneta e mais 24 continentes a sua escolha”.
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Vocês viajam tanto que acham que haverá qualquer tipo de liberdade que conviva com a mentalidade de um Xandão da vida. O homem é um apedeuta plagiário, megalomaníaco e tarado. Quando voltar os canhões para alguns dos senhores, os senhores verificarão que é tarde demais para perceber que esses alguns eram quase todos os senhores.
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Querendo ou não, não é a mesma coisa. Até porque Israel vive sob crítica e vigilância e fiscalização, ao passo que seus inimigos podem fazer o que bem entender que a mera existência de Isral já é desculpa suficiente para seja lá o que for. Assim é fácil ser consciente e estar do lado certo e ter o coração puro e ser fofo e usar papel higiênico neve no furico delicado.
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Folgo em saber que os senhores estão, em alguns casos, abrindo mão de se fazerem de tontos, e assumindo que o que vocês querem é genocídio, só que de verdade e não retórico, e que o querem porque têm a si mesmos na mais alta conta. A democracia não é opção não porque seja farsa burguesa (como vocês sempre disseram quando não a estavam defendendo de quem discorde de qualquer “a” dos senhores) ou porque seja intrinsicamente ilógica e estúpida (que é do que estou me convencendo, tanto mais quanto me pareça, após meses de Talmon, que não seja ela o sistema que melhor garanta as liberdades individuais, notadamente as de expressão - as democracias cuja modalidade é liberal estão se revelando apenas a ante sala asséptica das de matriz totalitária). A democracia liberal não é uma opção só - e somente só - porque os senhores se acham bons demais pra ela.
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É como aquela em que o sujeito pergunta se a gente vai acreditar nele ou nos nossos próprios olhos, todo ofendido. Essa parece ser de Grouxo Marx.
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Apenas aguardando a primeira acusação de que me vendi por trinta moedas de ouro. Em primeiro lugar, recebi muito mais do que isso. E, por último mas não somente, até agora só ganhei uma pequena cicatriz sob o lábio. Entrementes, é fácil verificar que defendo a posição de Israel há coisa de um quarto de século - nada menos que a segunda metade da minha vida até aqui. As duas últimas metades começam agora. Isso mesmo. Vocês contaram direito.
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Jakob Talmon, que hoje em dia é quase meu parente, escreveu “As origens da democracia totalitária”. O livro tornou-se essencial e claramente possui caráter profético. O comportamento das esquerdas faz brilhar os sintomas mais ofuscantes de suas previsões sobre o avanço da mentalidade totalitária, mas não há muito do que se queixar quanto ao progresso das direitas, no mesmíssimo sentido. O problema não está tanto na política quanto na cultura ocidental. Que a China opere sob eixos que moam insetos gregários, isso pode nos parecer divertido e até mesmo natural, ou justo. Que a alguém, desde aqui, isso pareça desejável e belo, ora francamente.
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A China não pode parir nada parecido com isto:
Ou isto:
Razão pela qual peço que parem de nos torrar o saco com os grandes méritos de tal ou qual civilização, sobretudo quando os filhos dela desejam ver-nos a todos nós (vocês e eu) mais inanes do que os senhores desejam ver os judeus ou Israel.
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Eu morava na casa de uma amiga chamada Julita, espanhola de raiz nascida numa geração anterior a minha. Talvez graças a meus pendores etários, tínhamos grande afinidade humorística. Certa feita, subindo a Coronel Diogo, logo depois dali onde se contorna aquele puteiro com cara de shopping, passamos por uma empresa pequena, discreta, que trabalha com equipamentos médico-hospitalares e que se chama Pierpetin. Nossa vida nunca mais foi a mesma. Não sei por que diabos cismamos com o nome e para tudo prescrevíamos “Pierpetim”. Gripe? Tome Pierpetim. A Rotisserie Pierpetim faz a melhor massa fresca da região. Nada como escrever com uma legítima caneta tinteiro Pierpetim. As Águas de São Pierpetim são as melhores termas do sudoeste paranaense. O lubrificante íntimo Pierpetim é muito melhor do que o da concorrência. Conforme o tipo de negócio envolvido, mudávamos a pronúncia do Erre, indo do mais paulistano italianado até o mais hodierno e à Racionais.
E por aí ia.
Experimente. É impossível parar.
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Abandonei de vez o uso do acento grave indicativo de crase antes dos pronomes possessivos.
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O leitor historiador casado com a arqueóloga não gosta de que eu fale de bunda por aqui. Como briguei com a Rachel e aquela bunda é insubstituível (beijo nela, Rachel), vou aproveitar e suspender o assunto até topar por aí com aquela maravilha de novo.
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Até o próximo Dia do Trovão, cambada. Sob o patrocínio dos Laticínios Pierpetim.
Agora sim!
Bravo !!!! Bravíssimo!!! E se de fato se enveredar pelo podcast, ja antevejo um herdeiro de Paulo Francis !!!!